terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Televisão e Reflexão

Em casa dos meus pais via-se muita televisão (mesmo na hora das refeições, tínhamos o telejornal como pano de fundo), e eu habituei-me, desde miúda, a acompanhar as telenovelas, que preferia aos desenhos animados. Com o passar dos anos, as televisões foram entrando nos respectivos quartos, e a hora da refeição passou a ser vivida, embora tardiamente (por volta dos meus 17 anos) como um momento a sós e não um momento de comunhão, em família. Na verdade, nunca pensei muito nas consequências desta mudança. Sabia-me bem aquele momento de liberdade (na privacidade do meu quarto, podia escolher o canal e o programa que desejava) e, portanto, não era do meu interesse questionar. 
O marido, que sempre fez as refeições em família, também tinha a televisão como pano de fundo, ligada no futebol ou no telejornal (na casa dos meus sogros, ainda hoje é assim). Com o tempo, comecei a notar que, depois do jantar, cada um dos membros da sua família recolhia-se para o seu televisor (pai na sala, mãe para a cozinha, e filhos para os quartos). 
Já casados, víamos muita televisão juntos, principalmente séries, mas, quando os meus programas não lhe agradavam (nomeadamente, as telenovelas) ele ia para o seu portátil (não sei se já referi, mas o meu marido é engenheiro informático e inseparável do seu portátil - levou-o, inclusive, para a nossa lua-de-mel!). Seja como for, um dia, chamou-me a atenção para o facto de eu não conseguir estar em silêncio numa divisão, ou ligava a música ou a televisão (juro que nunca tinha reparado), o que começou a suscitar alguma reflexão.
Depois, nasceu a Francisca e a disponibilidade para a televisão diminuiu consideravelmente, mas continuava lá, como pano de fundo. Um dia, quando ela tinha sete meses, resolvi ver a reacção dela ao Canal Panda. Nunca mais me esqueço! Estava a dar a música do "Bom Dia" das bonecas Polly e ela delirou: abriu o sorriso, levantou as mãozinhas, e começou a abanar-se para trás e para a frente. Desde então, com ela, oscilei entre momentos em que via a televisão como uma inimiga ou uma aliada. Fui negociando, restringindo, mas evitando uma reflexão mais séria, porque, para ser sincera, ela adora e, por vezes, sabe-me bem o descanso. Hoje li este post no blog da Mum's The Boss e voltei a ter vontade de parar e reflectir. A verdade é que não quero perpetuar a minha "dependência". Quero que ela tenha uma relação saudável com a televisão, que guarde as melhores memórias do tempo que passou na sua companhia. Não quero que ela se sinta escrava da mesma, que sinta que perdeu alguma coisa (como eu sinto) do tempo que passou a vê-la. Quero que seja, como já disse por aqui, mais uma actividade que ela faz entre tantas outras e jamais a principal. Para mim, não se trata de extremar posições, abolindo-a, mas de uma desenvolver uma relação mais racional e consciente com a mesma. 
E, vocês, que relação têm com a televisão aí em casa?


2 comentários:

  1. Nós sempre tivemos a TV ligada em casa... mas confesso que agora prefiro não ter, também a temos mais para ver séries e filmes gravados do que TV em directo... o Gil gosta de TV, do panda do jim jam... e confesso que me dá imenso jeito quando chego a casa e tenho que arrumar, e fazer o jantar que ele fique entretido... mas farta-se depressa, e vai para as suas brincadeiras e eu prefiro assim! que faça as suas brincadeiras... depois temos os nossos momentos os dois em frente à TV... mas prefiro que ele brinque, o unico problema é que ele que companhia... e aqui em casa ainda não há...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, Ana! Eu também faço uso da TV quando preciso que a Francisca fique entretida, especialmente na altura do jantar em que o pai, muitas vezes, ainda não está em casa. O meu problema, agora, é que, com a chegada dos medos, não quer ficar sozinha. Acabo por colocar um qualquer dvd no portátil, e sentá-la na cozinha, o que permite que ela esteja entretida e eu consiga fazer o jantar sem estar preocupada com os perigos de ter uma piolha curiosa à minha volta. O problema é que ela não se farta. Quer sempre mais! O que faz a inveja de muitas mães, mas preocupa esta. Quanto à companhia para o Gil, por enquanto, ele tem os pais, que serão, certamente, uma óptima companhia ;). Beijinhos

      Eliminar