terça-feira, 23 de abril de 2013

Estado de Alma (Temporário)

Às vezes, pergunto-me quanto de mim devia partilhar por aqui... Por vezes, desabafamos, em momentos em que estamos mais cansadas, em baixo, e depois não nos identificamos com o que está escrito porque, depois de respirarmos fundo, percebemos que as coisas, afinal, não têm a dimensão que lhes atribuímos, porque apercebemo-nos que, perante outros assuntos e problemas, os nossos não são nada e ficamos a sentir-nos pequenas e tolas.

Dito isto, aqui vai: passei a última hora a chorar e não conseguia parar. Não aconteceu nada de específico ou particularmente grave. Mas, ontem, soube que vem aí mais uma cesariana que, dê-se a volta que dê, é uma grande cirurgia e estou ansiosa e angustiada. Para a primeira fui confiante, destemida até, mas desta vez só penso que vou ter de separar-me da Francisca, que alguma coisa pode correr mal, e choro, choro, choro... O marido também tem andado particularmente indisponível e ansioso por causa do trabalho (tem de deixar todos os projectos que tem em curso organizados/fechados até ao final da semana). Deixei de conseguir ouvir de um ouvido, não consigo dormir, estou com falta de ar e energia e, entretanto, a Francisca adoeceu. São um conjunto de pequenos nadas, eu sei, mas juntos tomaram uma proporção quase esmagadora. E eu precisei chorar. Resolveu? Não. Mas, ajudou, aliviou. Às vezes, chorar lava a alma e eu precisei lavar a minha...

O mais difícil foi ter afligido a minha princesa, que, perante o pranto da mãe, perguntava o que se passava. Perguntou se tinham sido os manos, ou o pai, ofereceu-se para zangar-se com o pai (caso tivesse sido ele a zangar-se com a mãe), e voluntariou-se para pintar comigo, entre outras actividades (acabámos por eleger os autocolantes). Expliquei-lhe que os pais, de vez em quando, também ficam tristes e choram, mas que passa. No entanto, foi-lhe difícil entender, já que não existia um motivo concreto para o choro da mãe e, no universo deles, chorar só faz sentido assim. Porque é que no nosso não? 
Fica a reflexão...





6 comentários:

  1. É bom chorar pode não resolver problemas mas alivia a alma ....que tambem é muito importante
    Tem que descansar é muita coisa junta e depois nestas alturas estamos particularmente sensiveis ....
    Eu fiz duas cesarianas com um intrevalo de quase 12 meses ...foi uma loucura foi ...mas voltava a fazer tudo outravez ;)


    beijinhos
    Raquel

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    1. Muito obrigada pelas palavras, Raquel. Vou tentar. Para a semana, com os príncipes nos braços, direi certamente o mesmo ;).

      Beijinhos,
      Susana

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  2. Chorar ou não chorar à frente dos nossos filhos? Lembro-me da primeira vez em que vi a minha mãe chorar, e eu já era bem crescida... Achei que o mundo ia acabar porque achava que os adultos não choravam, pelo menos os meus pais. Se tivesse sido preparada para isso, eventualmente tendo visto a minha mãe chorar outras vezes antes disso, ou falando sobre a possibilidade de os pais chorarem, talvez não me tivesse marcado tanto. Por isso desde sempre tratei o meu choro ou tristeza, perante os meus filhos, com naturalidade. E quando o meu avô morreu o meu filho viu-me chorar. Fez-lhe confusão, sim, mas percebeu que os pais também ficam tristes às vezes. Acho que fez muito bem em explicar à Francisca que os adultos também choram...

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    1. Inês, confesso que equacionei retirar-me da sala ou disfarçar, mas estava sozinha com ela e achei melhor estar presente e ser sincera/verdadeira. Afinal, os pais também têm emoções. Ficam chateados/zangados/frustrados/cansados/alegres/animados... e tristes. Acredito que encarar as emoções com naturalidade e transmitir essa naturalidade aos nossos filhos é meio caminho andado para eles saberem identificar e transmitir as suas próprias emoções (tendo sempre presente a idade/sensibilidade dos mesmos, nomeadamente na explicação das mesmas).

      Beijinhos

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  3. Todos esses receios são absolutamente normais Susana, ainda para mais quando se está grávida (de gémeos!) e as hormonas nos fazem perder o norte das emoções por completo ( e eu que o diga...).

    Para os nossos filhos nós somos uma espécie de super heroínas mas é bom que percebam que também temos fragilidades, medos e angustias. Tudo isso faz parte da vida e da nossa condição de seres humanos. Fez muito bem em explicar isso à Francisca. Eu também já o fiz à Rafaela e nesse momento também fiz questão de lhe dizer que também se pode chorar de alegria ;-)

    Beijinhos, força. Em breve terá a melhor recompensa do mundo nos braços ;-)

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    1. Muito obrigada pelas suas palavras. Vou dando notícias. Falta muito pouco...

      Um beijinho enorme ;)

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