domingo, 26 de maio de 2013

terça-feira, 21 de maio de 2013

A Questão da Amamentação

O leite está a começar a secar. Passei pelo mesmo com a Francisca e foi pelo mesmo motivo. Ela não pegava no peito e, como tal, a produção de leite foi pouco estimulada. Desta vez, porque sou mais experiente, fiz uso da bomba, mas não com a frequência necessária para colmatar a falta de estimulação. Na altura, consegui dar a volta à situação e ela foi amamentada de forma exclusiva até aos quatro meses e combinada até aos seis. Mas, passei o primeiro mês e meio ansiosa, culpada e exausta (entre esterilizações, bombadas, mamadas e mudas praticamente não descansava). A principal pressão veio, claro, de fora (espantosamente, ou não, de outras mulheres). Somos muito rápidas a passar julgamentos, a cobrar atitudes, especialmente no que diz respeito aos filhos das outras e a questão da amamentação parece trazer à tona, quase que munidas com forquilhas, algumas fundamentalistas, prontas a condenar outras mulheres que, egoístas, e sabendo que o leite é o melhor alimento para os seus filhos, optam por não amamentar. 

Mais uma vez, por opção própria e porque estou bem consciente dos seus benefícios (não só para o bebé, mas também para mim), mas, acima de tudo, porque me apetece, vou voltar a tentar reverter a tendência, fazer uso da bomba, da água e do Promil, mas, se o leite vier a secar, secou. Não vou voltar a recorrer a enfermeiras, descabelar-me, achar-me a pior mãe do mundo porque não pude dar aos meus filhos o que sei de cor ser o alimento mais apropriado e completo que há. 

De resto, esta questão da amamentação é muito debatida e, se há claros argumentos a favor (facilita uma involução uterina mais precoce e a perda de peso; é prático e económico; melhora o desenvolvimento cognitivo, a formação da boca e o alinhamento dos dentes do bebé; mune o bebé com certas defesas e previne o aparecimento futuro de algumas doenças, como a diabetes e a obesidade; entre outros), não vamos fingir, como é costume entre as mulheres, que não há argumentos contra (os primeiros tempos são dolorosos e desconfortáveis - as primeiras pegas doem, os mamilos gretam, criam fissuras, a subida do leite é um tormento e, depois, passa a ser desconfortável, se nos distraímos com as horas, ficamos com o peito do tamanho do monte Kilimanjaro, ou acordamos inundadas...). Se há mezinhas e soluções para todos estes desconfortos? Há e eu conheço a maioria, mas requerem tempo e disponibilidade numa altura em que temos pouco de ambas. Mais, há a questão estética. Não me venham com as tretas do costume que, depois da amamentação, as maminhas voltam ao mesmo, que a amamentação não interfere com o tamanho e o volume dos seios. Até pode ser que existam algumas felizardas (eu não conheço nenhuma) a quem isso aconteça, mas, para a maioria de nós, não ficam tão más como imediatamente após o acto de amamentar, mas não voltam a ser exactamente o que eram.

Há mulheres que submetem-se a horrores por causa do culto da amamentação. Passam por cima de mastites, caroços, bebés que não conseguem fazer a pega, bombadas, e sei lá mais o quê para cumprir com o ideal. Hoje acredito convictamente que mais vale um biberão dado com prazer e serenidade do que uma mama dada com sacrifício. 

Quanto ao argumento da vinculação. O vínculo afectivo estabelecido entre mãe e bebé passa muito mais pela dança, diálogo, que se estabelece entre ambos e muito menos pela presença ou não da mama do que se pretende vender. Há muitas mães que dão peito com uma fralda em cima da cara da criança (que tipo de diálogo pode haver aqui?). O contacto pele com pele pode ser conseguido com o biberão (basta que a mãe se dispa). Os olhos e as mãos podem encontrar-se com um biberão pelo meio. 

Portanto, vamos evitar posições extremadas, respeitar a posição e a opção de cada uma e evitar julgamentos. Afinal, antigamente, as mães que optavam por amamentar quando, claramente, o leite artificial era muito mais completo (teoria de então) é que eram irresponsáveis e egoístas. 



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domingo, 19 de maio de 2013

Not Easy, But Worth It...

Isto de ter as noites fusionadas com os dias não é nada fácil...

Isto de sentir que somos precisas quase todos os momentos do dia, pelas pessoas mais importantes da nossa vida, e que não chegamos para todos, não é nada fácil...

Isto de termos o triplo das tarefas domésticas que tínhamos antes e de andarmos com a casa do avesso não é nada fácil... 

Isto de passarmos o tempo todo a sentirmos que estamos em falta com algo ou alguém não é nada fácil... 

Isto de não termos hora para tomar banho, comer, entre outras coisas, não é nada fácil... 

Isto de termos um a pegar no peito e outro a ficar muito frustrado e não conseguir (parece um peixe fora de água) não é nada fácil... 

Isto de amamentarmos e tirarmos com a bomba, estarmos constantemente a lavar e esterilizar biberões não é nada fácil... 

Isto de termos dois bebés a querer, histericamente, comer ao mesmo tempo não é nada fácil... 

Isto de termos uma piolha a chamar a atenção dos pais com birras e regressões (voltou a fazer xixi nas cuecas) não é nada fácil... 

Isto de termos o marido com um medo inexplicável (e totalmente injustificado) que a mãe demonstre, em algum momento, tratamento preferencial por um dos gémeos não é nada fácil... 

Isto de termos um marido tão cansado e, portanto, de pavio curto como nós não é nada fácil (o Benfica também não tem ajudado ;))...

Isto de estarmos a precisar de tempo para nós e não sabermos como ou quando o vamos conseguir não é nada fácil...

Não é nada fácil, mas não trocava as minhas actuais circunstâncias por outras. 
Sei que este período não é fácil, na verdade, tem desafios bem reais, complicados. Mas vai melhorar, vai passar, mais depressa até do que eu desejaria, por isso, vou fazer com ele o melhor que conseguir, respirar fundo e sorrir (e quem sabe, para aliviar, de vez em quando, chorar - se tiver tempo ;)).



sexta-feira, 17 de maio de 2013

A Reacção da Francisca

Aconselho as pessoas, especialmente os pais, a não criarem expectativas e construírem cenários porque, geralmente, a vida real não corresponde e porque considero que a chave para sermos felizes reside em vivermos no presente. 

Mas, também reconheço que existem certas situações em que criarmos expectativas, construirmos cenários, é inevitável (e até saudável). O primeiro encontro entre a Francisca e os irmãos foi idealizado, sonhado e, como quase sempre, inevitavelmente, a imagem construída não correspondeu à imagem real. Porquê?

Em primeiro lugar, porque a Francisca ficou doente e impedida de visitar os irmãos na primeira semana após o seu nascimento. Como tal, não só não pôde ir vê-los ao Hospital, como ainda teve de ficar mais dois dias em casa da avó (materna) depois dos pais e dos irmãos terem vindo para casa.

Acabou por não ser o cenário que idealizei, mas, se calhar, foi melhor assim. Conheceu-os no Dia da Mãe, em casa da avó. Viu os pais, que tinham ido buscar os irmãos (numa espécie de viagem encantada), entrar com os dois pela mão e uma prenda que estes haviam comprado especialmente para ela. Houve tempo para celebrar o nosso reencontro e só depois apresentar os novos membros da família. Houve tempo para sermos só dela, enquanto os outros elementos da família cuidavam dos gémeos. Mas, o verdadeiro empolgamento foi o presente que ela tinha escolhido para eles trazerem e com o qual já sonhava há algum tempo (também ela tinha construído um cenário e este passava muito mais pela bateria que tinha visto na "Loja dos Brinquedos" e muito menos pela interacção com os irmãos, que, afinal, por enquanto, têm alguma piada, mas não muita). 



Assim, o interesse inicial não foi grande. Estava muito ocupada a disputar o novo brinquedo com os primos e a atenção dos pais. Choramingou muito, quis colo, mas já contávamos com isso. 
Em casa, faz questão de ajudar nas tarefas inerentes a cuidar de um recém-nascido. É cuidadosa e carinhosa, mas têm andado mais sensível e carente. Pede mais mimo, acorda durante a noite a pedir os pais e chora quando algum deles tem de ausentar-se para atender ao bebé que, curiosamente, está sempre a chorar quando ela pede companhia. Também deixou de querer ir à escola (e por duas vezes a mãe fez-lhe a vontade). 
O espaço dela foi invadido, mas, por enquanto, ainda há alguma separação entre o que é o espaço e o tempo dela e o espaço e o tempo dos irmãos. Não propositadamente, mas porque, como todos os recém-nascidos, eles passam pouco tempo acordados e, enquanto dormem lá dentro, no quarto dos pais, os outros espaços são só dela e os pais também. 



A reacção dela está a ser o que imaginei, o que era expectável, mas, por vezes, custa. O nosso amor chega para todos, multiplica-se, cresce inexplicavelmente de dia para dia, mas continuamos a ter apenas um colo, duas mãos para segurar e, mesmo quando não nos apercebemos, há um foco. Eles sentem-se, clamam por atenção, pedem mais colo do que o habitual, querem ficar mais junto, mais tempo, querem que o tempo volte atrás, querem aquele colo, tão completo e exclusivo de quando eram bebés, e nós tentamos dar, tentamos fazer-lhes chegar essa segurança, essa confiança, essa certeza de que serão sempre os nossos bebés, que estão a crescer, o que nos deixa imensamente felizes e orgulhosos, mas que serão sempre nossos e nós deles, mas não é fácil partilhar, faz parte, mas não é fácil. 
E não será esta uma inevitável, e bela, lição de vida?...

Afinal, os irmãos vêm para tirar, mas também vêm para dar, e chegará o dia em que irão ser companheiros de brincadeiras, em que formarão uma nova unidade e serão os pais que ficarão de fora, a pedir mais colo e atenção...



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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Será que isto é só comigo?...

Acordo a sentir-me assim...



E acabo o dia a sentir-me assim!



Todos os dias acordo cheia de energia, crente que este será o dia em que as coisas vão, finalmente, correr de feição, e eu vou conseguir (com uma perna às costas) conciliar tudo, fazer tudo a tempo e horas. O dia em que vou ser uma daquelas mães impecavelmente vestida, com um ar fresco, moderno, até cool, que habitam nas páginas das revistas (e nalguns blogs), sempre com um ar fresco, descontraído e alegre, próprio de quem tudo organizado e controlado. 
E... deito-me com umas olheiras que chegam até ao chão, a roupa cheia de nódoas e a sensação de que não cheguei para tudo, que podia ter feito melhor, com a convicção que amanhã é que vai ser, mas que, hoje, hoje, só quero dormir e que a noite passe depressa (e, de preferência, com o mínimo de interrupções possível). 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O Nascimento dos gémeos

Olá! Cá estou eu, de volta a este nosso espaço.

Há tanto por contar que vou dividir as novidades por posts.

Este será sobre o nascimento dos gémeos...

Dia 30, conforme agendado, dei entrada no Hospital perto do meio-dia. Tinha conseguido dormir, apesar dos nervos. Fui para a sala de dilatação, e fui preparada para a cesariana (vou dispensar-vos os pormenores), enquanto o marido aguardava na recepção. Perto das 13h deixaram-no entrar para a sala de dilatação. Pouco tempo depois, a médica veio dar-me uma palavra e eu... comecei a chorar (aviso já que, se estão à espera de um relato tranquilo e de uma pessoa equilibrada durante este episódio, é melhor procurarem outro blog). A médica avisou que não gostava de operar pessoas que, antes da cirurgia choravam, e apesar da boa intenção das palavras, estas só ajudaram na construção de cenários de horror em que a minha ansiedade e preocupação eram presságio de algo terrível. No corredor para a sala de cesariana, sentia a ansiedade a aumentar e o coração, a galope, ia com ela. 
Entrei na sala e mandaram-me deitar na marquesa para administrar a epidural. Estava tão nervosa que não conseguia parar de tremer. Queria parar, respirar fundo, obedecer às ordens da anestesista para relaxar e não me mexer, mas o corpo não obedecia. Os nervos tinham tomado conta. A epidural foi dada a custo, com o corpo a debater-se. A médica e o marido entraram... ia começar. O corpo foi adormecendo, entre choques e dormências. Em breve, começaram a mexer-me na barriga e eu fui sentido as entranhas a serem reviradas. A médica ia relatando o que estava a acontecer, eu detalhava à anestesista tudo o que estava a sentir, e o marido tentava acalmar-me, garantindo que estava tudo bem e segurando-me a mão (confesso que, naquele momento, não quis saber de fotografias ou vídeos, queria apenas aquele conforto e segurança). Depois de terem chegado ao útero, que a outra médica presente classificou como bonito - não sei bem como interpretar o facto de ter um útero bonito, mas, por estas alturas, como a auto-estima não anda propriamente nos píncaros, qualquer elogio é bem-vindo -, foi um instante até começarem a falar com o António e ouvirmos o primeiro choro dele, ainda contagiado pelo líquido nos pulmões. A emoção foi avassaladora e as lágrimas correram livres. Depois, foi a vez de irem buscar o Pedro, que estava atravessado. Foram falando com ele, e ele fugindo, num esforço inglório para manter-se na segurança do interior da mãe. Quatro minutos depois, estava cá fora. Durante os primeiros segundos, não reagiu. Vi pelo reflexo nas luzes o corpo dele deitado sobre o meu, a médica a esfregar-lhe as costas e pedir-lhe para reagir e ele a vir a si. A emoção foi ainda mais forte quando ele, finalmente, chorou. Só queria saber se estava tudo bem com eles... e estava. Depois de limpos e vestidos, pude vê-los e eram tudo o que tinha sonhado (e mais), tal como a Francisca. Depois, levaram-nos e eu fiquei o que pareceu uma eternidade deitada sobre a marquesa enquanto terminavam o trabalho de parto. 
Fui para o recobro já com um em cada braço. O corpo tremia descontroladamente, as comichões (que conhecia bem da primeira epidural) voltaram e eu pedia, repetidamente, o conforto do marido. Continuava nervosa, assustada, mas tinha-os nos braços, e fui admirando as suas feições, inalando o seu cheiro... 
Subimos para o quarto, onde já nos esperavam alguns familiares que, claro, ficaram encantados. Passei os dois primeiros dias a deslizar entre o estado de encantamento com os gémeos e a preocupação com os sintomas físicos (tão diferentes da primeira cesariana) que fui experimentando (tensão alta e um calor avassalador e constante, sem explicação). Aos poucos, fui-me sentido mais confiante, cada vez mais apaixonada, mas nunca fiquei tranquila (a minha costela hipocondríaca não deixou e, apesar de ser tranquilizada pela médica e as enfermeiras, estava convencida que aquela tensão alta era sintomática de algo mais). Seja como for, o pós-parto foi bem menos doloroso do que na primeira cesariana e, ainda antes de fazer as seis horas previstas para movimentar-me, já estava a tomar um banho de esponja. 

Dito isto, e apesar de algumas das coisas desagradáveis que o processo de colocar no mundo dois bebés implica, posso dizer que passaria por tudo novamente...


Estou novamente, e completamente, APAIXONADA!!!

E haveria como não ficar?...





Mais pormenores:
O pessoal médico do Hospital ficou espantado com o peso e tamanho dos gémeos. O António nasceu com 47cm e 2.740kg e o Pedro com 2.990 e 47.5 (ainda não consigo acreditar que tive quase 1 metro e 6kg de bebés dentro de mim!) e com a desenvoltura com que lidei com os mesmos (acho que a palavra usada era "despachada"). Contudo, confesso, não foi assim que me senti. Aquela necessidade, que pensei que tinha desaparecido depois da Francisca, de cumprir absolutos, voltou e estou, com todas as minhas forças, a combate-la, mas não é algo que me seja fácil ou natural. Tenho tendência para extremos, embora reconheça a impossibilidade da meta. 

Os gémeos, cá em casa, tem dormido juntos, o que tem proporcionado momentos de ternura deliciosos!








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